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Como pensar a brincadeira para o aprendizado infantil?

Falar sobre “a importância do brincar na Educação Infantil” já se tornou lugar comum. A brincadeira é, de fato, a maior forma de aprendizado para crianças entre os zero e seis anos – seja através da imitação e repetição, ou da construção e exercício de imaginação e raciocínio. A complexidade dos jogos vai aumentando conforme a idade. “Porém, não basta deixar que o improviso dê o tom”, diz a reportagem do Gente que Educa, “ao contrário, somente um planejamento detalhado da rotina fará com que a Educação Infantil atinja os seus objetivos”.
Nesta semana, em entrevista para o Na Escola, a educadora e pesquisadora Gisela Wajskop (uma das autoras do Referencial Curricular Nacional de Ed. Infantil), enfatizou a mesma necessidade: “Eu vejo que as capacitações de educadores estão cada vez mais pragmáticas: vamos fazer roda, bater palmas e cantar. Mas falta a reflexão – o aprendizado só ocorre se o professor tiver uma intencionalidade e souber aonde que chegar com essas crianças”.
Embora as instruções sejam claras, o caminho para realizá-las pode ser desafiador. Como colocar em prática esse cuidado pedagógico diante das brincadeiras? O Na Escola reuniu alguns ensinamentos para facilitar o planejamento dos professores na hora de propor brincadeiras em sala de aula
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             Brincar com Lego ou blocos de montar ajuda a desenvolver a motricidade e a imaginação 
                                                                  (foto Google)
Brincar com Lego ou blocos de montar ajuda a desenvolver a motricidade e a imaginação (foto: Google)

Para que serve essa brincadeira?

Cada jogo será apropriado para uma faixa etária, assim como cada um irá trabalhar habilidades diferentes. No documento Fundamentos do Desenvolvimento Infantil, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, eles são separados em três categorias:
  • Jogos de exercício – para crianças até dois anos, que ainda não desenvolveram a linguagem. Elas aprendem através da experiência dos cinco sentidos, repetições e muito movimento.
  • Jogos de construção – elas começam a desenvolver o raciocínio e a criatividade, e, a partir de agora, têm um objetivo por trás das brincadeiras. Começam a pesquisar, questionar e criar seus conceitos mais complexos de mundo (a fase dos por quês).
  • Jogos simbólicos – com a linguagem mais desenvolvida, é a hora de aproveitar ao máximo a imaginação. As crianças relacionam a brincadeira com a realidade, fingem ser personagens e inventam histórias para experimentar o mundo.
Portanto, dependendo da idade das crianças em sua classe, aqui estão algumas brincadeiras que podem ser sugeridas, e suas intencionalidades:
  • Tambores, chocalhos e instrumentos musicais de percussão – trabalham a motricidade (ritmo) e a percepção auditiva;
  • Brincar de bola – desenvolve a coordenação motora e a convivência em grupo;
  • Construir com blocos – também melhora a motricidade e estimula o pensamento simbólico (já que as crianças vão planejar construir uma casa, ou castelo, ou ponte, etc.);
  • Brincar de boneca – estimula a imaginação, compreensão de papéis no mundo real (relação entre os pais e a criança) e ajuda a espelhar sentimentos;
  • Dominós e jogos de memória – preparam para a matemática e a alfabetização, crianças começam a diferenciar figuras visuais e auditivas.
  • Novos ambientes dão às crianças a chance de explorar e adquirir novas experiências - não impeça o aprendizado com uma vigilância exagerada (foto: Google)
Novos ambientes dão às crianças a chance de explorar e adquirir novas experiências – não impeça o aprendizado com uma vigilância exagerada (foto: Google)
O espaço e os materiais para brincar
Dependendo do desenvolvimento da turma, ela pode ser exposta a diferentes ambientes para explorar, conhecer e ampliar seu universo. Mas a escolha desses locais deve ser cuidadosa. De acordo com Fundamentos do Desenvolvimento Infantil, “a organização dos espaços, a escolha e distribuição dos materiais nos mesmos e a seleção de atividades adequadas, são fundamentais”.
Essa organização vai desde as cores das paredes (que devem ser claras e inspirar tranquilidade nas salas dos bebês, por exemplo), até a altura apropriada dos móveis, para que as crianças possam acessar os materiais sozinhas.
Os brinquedos escolhidos devem levar em consideração as habilidades das crianças – elas já conseguem ou estão em fase de aprender a manusear esses materiais? E quanto à música? Selecionei músicas que elas compreendam, mas que também lhes ensine novos vocabulários e estimule suas imaginações? Há espelhos, para que elas se identifiquem e explorem seus corpos e movimentos?
Antes de expor um novo ambiente (o parque, a piscina ou a caixa de areia, por exemplo), reflita se eles estão preparados para serem explorados livremente pelas crianças. Elas devem estar seguras, é claro, mas o ideal é que possam circular com o máximo de liberdade possível, apenas com a supervisão dos professores, para que tenham novas experiências e aprendizados. Meça os riscos com bom senso: ralar um joelho faz parte desta etapa de descobertas – cair da janela, não. Não seja exagerado na vigilância.
As crianças vão persistir em uma atividade enquanto ela ainda apresentar dificuldades - lembre-se de sempre fornecer novos desafios para manter o interesse (foto: Google)
As crianças vão persistir em uma atividade enquanto ela ainda apresentar dificuldades – lembre-se de sempre fornecer novos desafios para manter o interesse (foto: Google)
Registros e avaliações
Os registros são tão relevantes durante as brincadeiras quanto em qualquer outro momento de sala de aula. Use-os para comparar a evolução das crianças em diferentes momentos, fazendo anotações detalhadas, sempre que puder, sobre seu comportamento, interesse e desenvoltura.
Usualmente, uma criança vai permanecer interessada em uma brincadeira por tanto tempo quanto ela ainda for desafiadora para ela. Ou seja, se um de seus alunos continua retornando ao mesmo jogo, é provável que ele ainda esteja tentando dominar alguma habilidade – é mais saudável deixar que ele complete a tarefa em sua própria velocidade, ao invés de interromper o processo colocando-o em uma outra atividade “porque o tempo acabou”. Isso é parte de respeitar o ritmo de aprendizado de cada criança – e, afinal, quando aquele exercício se tornar fácil para ela, ela irá, naturalmente, buscar o próximo, que ofereça alguma novidade.

fonte: http://naescola.eduqa.me/materiais-download/como-pensar-a-brincadeira-para-o-aprendizado-infantil/

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